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Alexandrina Dutra

BEATA MARIA: ORAÇÃO E ZELO PELOS SACERDOTES




Nos difíceis tempos que vivemos em Igreja, por muitas razões, entre as quais os processos contra sacerdotes e bispos, em vários países, algo que fere e magoa o nosso coração pois todos amamos a nossa Mãe Igreja e sofremos com ela, amamos os nossos irmãos sacerdotes e os nossos bispos, sucessores dos Apóstolos, parece oportuno deixar aos leitores alguns textos da Beata Maria, sobre a sua oração e zelo pelos sacerdotes. Jesus lhe pedia muito que rezasse e oferecesse seus sacrifícios e as dores da sua doença pelos sacerdotes. Ela o fazia com zelo e amor. Não fiquemos na crítica, na tristeza, porventura no escândalo. Imitemos a Beata: amemos, rezemos, soframos, pela santidade dos sacerdotes. Não os deixemos na solidão, sejamos amparo e ajuda para todos, verdadeiramente amigos dos padres, para os ajudar a ser mais fiéis, para aliviar sua solidão e seu cansaço, para os livrar de tentações e perigos.


Ouçamos este admirável testemunho, confidenciado a uma Irmã que cuidava dela na doença: “ Durante o primeiro ano da doença, durante o Inverno de 1897, quando a nossa querida Madre estava a braços com uma forte crise do mal que a afligia, eu velava junto dela, e ela disse-me: ‘ A Irmã está curiosa por saber o motivo porque eu sofro tanto? Pois bem, eu vou dizer-lho, consome-me uma sede de sofrimento. Quando cheguei ao Porto, em 1894, contaram-me que neste país há muitos padres esquecidos dos deveres do próprio estado; isso produziu em mim uma impressão tão profunda que me ofereci ao Bom Deus como vítima por estes padres de Portugal. Por isso eu sofro. Primeiro, para oferecer-me ao Senhor como vítima por estes sacerdotes; em segundo lugar, como oferta propiciatória, que obtenha para Portugal novos e bons sacerdotes; e por último, pelo amor que tenho ao Bom Deus’. E acrescentou: ‘Eu sei que o Senhor aceitou o meu sofrimento’ “.


Testemunho, também admirável de outra Irmã, revela o mesmo amor, zelo, ardente pela vida e santidade dos sacerdotes, e neste caso por um que levava uma vida pouco regular e digna: “O capelão que ao tempo era do Bom Pastor foi solicitado pela Irmã Maria para que hospedasse em sua casa, nas proximidades do Convento, certo sacerdote que lhe tinha sido recomendado como levando vida pouco conforme com o seu estado. Padre Alves, o capelão, atesta: ‘Levava vida irregular. Mas após dois ou três colóquios – era eu quem o acompanhava ao locutório - convencido pelas reflexões, palavras e conselhos da Superiora, converteu-se e voltou à prática dos seus deveres. Eu mesmo o vi, após a morte da Irmã Maria, celebrar na capela do Instituto, como sinal de gratidão pelos benefícios que recebeu’.


A Irmã Maria, teve como diretor espiritual o Reitor do Seminário Maior do Porto, que depois foi nomeado Patriarca das Índias. Correspondia-se com ele com certa frequência. Numa carta, datada de 30 de março de 1899, confidencia a Dom Teotónio estas palavras e sentimentos: “(…) À comunhão Jesus falou-me nos sofrimentos que Ele passou por se sentir abandonado por todos, pediu-me para Lhe fazer companhia, e depois disse que o que O afligia mais era que, não somente a maior parte dos cristãos, mas também muitos sacerdotes O deixavam só no sofrimento. Que Ele desejava de mim reparação por isso. Perguntei a Nosso Senhor se eu devia sofrer muito por esta intenção, pelos Padres, e Ele disse: «todos os dias da tua vida, até à morte» (Notas íntimas).


Podemos todos ter a tentação de criticar, de se escandalizar, de desprezar este ou aquele Padre, mas o exemplo e o modo de agir da Irmã Maria era outro, como podemos ver nos documentos citados acima. Ela assumiu rezar, sofrer por amor dos sacerdotes, e sabia bem que muitos andavam transviados. Jesus lhe pedia mais oração, mais zelo, mais reparação até ao fim da sua vida. É por isso, por esta sua vocação de vítima por amor dos sacerdotes, que ousamos dizer, que era excelente nestes tempos perturbados e difíceis na vida da Igreja, por tantos escândalos, que a Beata fosse canonizada. Sabemos que um bispo, ainda não há muito tempo, ia, no silencio e na discrição, rezar longamente junto do túmulo da Beata Maria, pedindo graça para si e para o seu clero. Se alguém deve crescer no amor e devoção à Irmã Maria, a nossa querida Beata, deviam ser os bispos e os sacerdotes. Ela nos ama e reza por nós.


Dário Pedroso S.J.

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