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  • Alexandrina Dutra

ELE QUER VIVER EM MIM

“Não pedir nada para mim; aceitar tudo o que vier das mãos de Deus, ficar unida a Deus em todo o encontro.”




Viver a vontade de Deus e estar unida a Ele, sempre confiante, abandonada, desejosa de um contínuo encontro, de uma permanência total e íntima com o Senhor, era o desejo da Beata Maria do Divino Coração. Ela sentia que tudo dependia mais de Deus do que do seu esforço. Mas confiava e pedia esta graça que devia ser vivida por cada um de nós, por cada baptizado ou batizada. Da união com Deus, com a Trindade, com o Coração do Esposo, o Senhor Jesus, vinha para a Beata Maria a graça de sempre viver centrada na sua vontade, de não querer mais nada se não o que Deus queria, de nem sequer pedir nada para si, se não a graça de fazer sempre e em tudo a vontade de Deus. É isto a santidade. E a Beata entendeu bem que a graça vinha da contínua união com Deus ao longo do dia, no trabalho, na oração, mesmo nos colóquios que tinha com as pessoas, nas lides da casa, no serviços de Superiora, etc. Unida de coração, com amizade profunda e oblação total ao seu Esposo. Dessa fonte divina lhe vinha a graça de fazer só e em tudo o que Deus queria dela, aceitar com amor a sua vontade, mesmo quando está doente, sofrendo e amando, sendo reparadora com Cristo, unida a Ele, o Bom Pastor. Dessa fonte, a união com Jesus, lhe vinha a ânsia de salvar almas, de ser apóstola, de amar sempre, de se oferecer pela conversão de pecadores. Dessa fonte, a união com Jesus, lhe vinha a força para sofrer e amar, ser vítima oferecida com amor e por amor. Não desejava mais nada. Sofria no silêncio. Vivia amando. Morre em oferta.




“Nisso deve consistir também a minha preparação para a festa de Natal.

O Divino Salvador vem nascer em mim.”


Estas notas íntimas que estamos comentando revelam-nos o mais profundo da alma e do coração da Beata, de seus íntimos desejos, de sua entrega e oblação, da fonte da sua vida espiritual. Nem podia ela, como cada um de nós, ter outra fonte a não ser Jesus, o Verbo do Pai, Filho de Deus e Filho de Maria de nazaré. O Emanuel, o Deus- connosco, fonte de dons e de graças, pois seu Coração continua aberto a derramar sobre nós paz e misericórdia, santidade e divindade, amor e alegria. Tudo vem da fonte que é o Coração do Redentor. Por isso a Beata desejava ardentemente, com paixão e amor, estar na fonte, unida a Jesus, para que nela, na sua alma e na sua vida, houvesse Natal. Percebia bem que Natal é nascimento. Que Jesus devia nascer, renascer nela, para invadir a sua vida e o seu ser do divino, da graça, da santidade, da luz e do amor, da paz e da alegria de amor. Ela vivia os mistérios da liturgia, com a luz e a vida evangélica. Por isso desejava com fé profunda e amor ardente que o Salvador nascesse nela no Natal. Estava focada no essencial como devia estar cada um de nós, como deviam estar todos os batizados. Fazer do coração um presépio para Jesus, o Salvador, nascer de novo em nós e nos transformar, cristificar, divinizar. É a grande graça do Natal. Desejamos este dom, esta graça? Preparamo-nos para ela, para o nascimento em nós do Salvador. Se Ele nascer tudo muda, tudo se transforma, tudo tem vida divina. Gera-se uma comunhão com Ele mais profunda. Que misterioso desafio que a Beata Maria viveu e que nós podemos e devemos viver. Ele nascendo em nós nos diviniza o coração, a alma, a vontade, o afeto, o olhar, a língua, todo o nosso ser. Deixemos que seja Natal em nós, como fazia a Beata Maria do divino Coração. Que o Salvador tome posse de nós. Que seu Coração seja nosso tesouro e nosso encanto, a pérola da nossa vida, a fonte da nossa santidade.





“Ele quer viver em mim e por mim, já não sou eu que devo viver. Por esta vida em Jesus Cristo, a obra da Redenção deve renovar-se em minha alma e dar frutos para mim e para os outros.”



A última frase deste trecho da Beata coloca diante de nós e dentro de nosso coração, de nossa alma, como matéria de oração que deve comprometer a vida toda, um remate, ao jeito da cereja do topo do bolo. Percebemos que os seus desejos de unidade e intimidade com Jesus, pois Ele quer viver nela e ela n’Ele, em intimidade de amor, para que já não seja ela a viver, mas Ele, só Ele, sempre Ele, tem como fim a colaboração na redenção. Ela sente esse íntimo desejo, ou seja, que a obra da Redenção se renove em sua alma, em sua vida. E, depois que dê frutos para ela e para os outros. Sem esta dimensão apostólica, missionária, própria do Coração do Bom Pastor, a intimidade poderia ficar estéril e infecunda, como a oração, a vida de sacramentos de muita gente. Mas a Beata abre-se ao mundo e deseja frutos de vida, de conversão, de santidade para os outros, para o mundo, com um coração universal. Sente-se “mãe da humanidade” como Nossa Senhora, deseja ajudar a salvar a todos, quer que o Coração do Esposo seja amado e louvado, reparado por todos. Quer que a Redenção chegue à vida de todos, ao mundo inteiro. Para isso colaborou sempre com oração, amor, trabalho, oferecimento, dores e alegrias. Para isso pediu e insistiu com o Papa que consagrasse o Género Humano ao Coração de Jesus, na esperança que essa consagração fosse instrumento para que a salvação e a redenção chegasse mais depressa e fosse mais eficaz para o mundo inteiro, para cada pessoa, para toda a humanidade. A cada um de nós, imitando a Beata Maria, Jesus Salvador faz o mesmo apelo e concede graças e dons para que sejamos colaboradores na salvação. Queremos responder a este apelo de amor divino e salvador? Como vamos viver e entregar, sofrer e rezar, ser imitadores da Beata Maria do Divino Coração?


Dário Pedroso s.j.

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